TSE forma maioria contra cassação de Bolsonaro e crítica uso ilícito do WhatsApp nas eleições
28 de outubro de 2021O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) formou maioria nesta terça-feira (28) contra a cassação do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão por participação em esquema de disparo em massa de notícias falsas nas atualizações de 2018.
Os ministros Luís Felipe Salomão e Mauro Campbell Marques criticaram o chefe do Executivo e afirmaram que foi comprovada a existência do esquema de propagação de notícias falsas via Whatsapp no último pleito para beneficiário Bolsonaro, mas consideraram que as provas não demonstraram gravidade suficiente para cassar a chapa vencedora do pleito presidencial.
Os ministros Sérgio Banhos e Carlos Horbach também votaram para rejeitar como ações. Ambos entendemam que foram necessários elementos que permitem chegar à conclusão de que houve algum tipo de disseminação de notícias falsas em benefício do atual presidente.
O TSE é composto por sete integrantes. Os quatro votos proferidos até o momento já são suficientes para evitar uma decisão que determinar a cassação do chefe do Executivo. O julgamento foi recebido na última terça-feira (28) com o voto de Salomão, que é o corregedor-geral da Justiça Eleitoral.
O magistrado afirmou que “provas provas” apontam que desde 2017 pessoas próximas a Bolsonaro atuam de maneira permanente para atacar adversários e, mais recentemente, como instituições. Disse ainda que a prática ganha “contornos de ilicitude”.
O ministro, que é relator do caso no TSE, disse que estão “presentes indícios de ciência” de Bolsonaro sobre a produção de notícias falsas, mas defendeu que a provas sobre o teor das mensagens e o modo com que repercutiram no eleitorado impedem que seja imposta a pena de cassação.
As duas ações em julgamento são de autoria do PT e foram após a Folha publicar reportagem que revelou que empresas compraram pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT via WhatsApp. Os contratos chegavam a R $ 12 milhões.
O TSE também tem três votos a favor da proposta de Salomão de fixar uma tese para orientar a Justiça Eleitoral em julgamentos sobre esquemas de disseminação de notícias falsas via aplicativos de mensagens.
A orientação sugerida que é possível enquadrar esse tipo de esquema como abuso de poder político e também como uso indevido dos meios de comunicação passíveis de levar à cassação de mandato.
A tese determina que para que haja a imposição dessa pena, no entanto, são corrigidos cinco parâmetros. São eles: teor das mensagens e se continham propaganda negativa contra adversário ou notícias falsas; verificar se o conteúdo repercutiu perante o eleitorado; ver o alcance do ilícito em termos de mensagens veiculadas; grau de participação dos candidatos; e se uma campanha foi financiada por empresas.
Nesse ponto, apenas Horbach divergiu até o momento. Ele afirmou que não concorda com a ideia de considerar o abuso em aplicativos de mensagens como uso indevido dos meios de comunicação.
O magistrado se posicionou contra a ação apresentada pelo PT. Ele afirmou que não foi comprovado quais são o conteúdo das mensagens e a repercussão e abrangência que elas têm no pleito. Para o ministro, não é possível afirmar que existiu um esquema de disparo em massa de mensagens em benefício do Bolsonaro em 2018.
“Essa conjugação não se apresenta de forma suficientemente robusta para afirmarmos de maneira categórica que houve prática de ilícitos eleitorais”, disse.
Ele criticou o fato de que não há nos autos do processo sequer uma foto dessas mensagens que foram relatadas. “Como é sabido, um dos mais simples meios de prova de casos na internet é a captura de tela, o que, no caso, não se verificou em nenhuma das alegações”, disse.
Crédito: FolhaPress/ Foto: Divulgação