Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é comemorado com palestra em Três Lagoas

Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é comemorado com palestra em Três Lagoas

8 de agosto de 2023 Off Por MinutoMS

Com o tema “Reflexões sobre o sorriso (do) negro” foi realizada palestra na Câmara Municipal de Três Lagoas, nesta segunda-feira (7), proferida pela professora doutora Elizete de Souza Bernardes, professora do campus de Dourados do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul. O evento, proposto pela vereadora Evalda Reis, teve o objetivo de lembrar o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho em memória da morte da rainha do Quilombo Quariterê, Tereza de Benguela, decapitada por soldados português, na luta pela libertação do seu povo, em 1770, no estado de Mato Grosso.

Elizete traçou considerações sobre dois prismas: o sorriso do negro e o sorriso negro. O primeiro, ela destacou com imagens fotográficas e publicitárias, foi retratado pela visão colonialista, branca e europeia, de forma a mostrar os negros de forma estereotipada, exótica, pitoresca e até abestalhada, reforçando o racismo e exaltando uma composição que agradasse aos brancos, sobretudo com fins mercantilistas. Nestas imagens, as pessoas pretas aparecessem com semblantes tristes e, apenas algumas vezes, com olhares desafiadores e afrontosos quanto aos abusos sofridos.

Já quando retratados por pretos, o sorriso negro aparece no aspecto da alegria genuína. Segundo a professora, há quem defenda que os negros devem expressar a imagem dos seus sorrisos como forma de resistência “A dor e o sofrimento acabam sendo prazer para o racista. Ele se incomoda com a felicidade do negro”, afirmou. Doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos, Elizete tem estudos voltados à violência sobre os corpos negros.

A solenidade teve a participação da professora Cidolina de Fátima da Silva Souza, membro do Conselho Municipal dos Direitos do Negro e titular do Movimento das Mulheres Negras. “Hoje, nós podemos sorrir, mas ainda existem muitas pessoas que não tem este direito”. Ela destacou que tem lutado pelos diretos da mulher e da pessoa negra em dedicação à neta Júlia. “Ela é a motivação para eu não me calar diante dos desmandos, do machismo e da violência e quase feminicídio que sofri”, contou.

O professor doutor Guilherme Tomazini também usou a tribuna para enaltecer as mulheres negras presentes e todas as outras que lutam contra o fim do racismo. Embora considere que a causa, atualmente, só é possível porque muitos morreram pela liberdade, o professor do IFMS e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do instituto, lamentou que ainda há muito a se fazer, afirmando que, lamentavelmente, não crê verá o fim do racismo estrutural na sua geração.

Proponente do evento,  a vereadora Evalda Reis afirmou que trouxe a discussão à Casa de Leis como uma forma de disseminar conhecimento e aprendizado tanto para ela mesma, uma mulher branca, quanto para toda a sociedade. “Todos vocês já passaram por muitas coisas e hoje é um dia de aprendizado para nós”, disse na abertura do evento.

Também prestigiaram a palestra a vereadora Charlene Bortoleto, a vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Negro, Fabiana Carla Cândido Gomes; o presidente do conselho, José Bento de Arruda; o diretor do IFMS-Três Lagoas, Walterísio Carneiro Júnior; a professora mestre Geni Rosa de Oliveira, representando a Secretária Municipal de Educação e Cultura, Ângela Brito; o presidente do Conselho Municipal da Diversidade Sexual, Edmilson Cardoso da Cruz, que no ato também representou a secretária municipal de Assistência Social, Vera Helena.

A estudante Vitória cantou a música Sorriso Negro, de dona Yvonne Lara, e alunos do projeto Ubuntu Capoeira apresentaram-se, além da cantora Fran Soares, no momento cultural do evento.

Crédito: Assessoria/ Foto: Divulgação